sexta-feira, 16 de maio de 2008

PERCALÇOS DA PROFISSÃO II


Como já comentamos antes, há tantos Brasis dentro do Brasil que, por vezes, nem acreditamos no que vemos e ouvimos. Algumas vezes os episódios são cômicos, outras não, porém, o sabor da profissão é este mesmo. No showbusiness o inesperado é o que dá o toque e seduz. Aqui vão pequenas hstórias reais:


1° caso: SALVADOR - BAHIA


A montagem do show estava atrasada e o iluminador foi reclamar com o chefe da montagem do equipamento. Temos que salientar que o indivíduo era um "armário" duplex 2x3, luzidio, com andar lento, de poucas palavras e muito bronco.
O iluminador, ao contrário, era do tipo mais agitado e de pouco altura (de médio para baixinho).
Vendo o trabalho tão atrasado não se conteve e explodiu:
- "Puxa, cara! Você é lento, muito lento! No seu passo não é hoje que acaba a montagem".
Calmamente, o indivíduo se dirige aoiluminador e responde:
-"É, eu posso ser lento aqui, mas vamos lá na capoeira para ver quem é o mais rápido?"
Surpreso, o iluminador mignon mediu o oponente com os olhos e optou pelo silêncio como estratégia de retirada rápida.
Ele até pode ser agitado (e baixinho), porém, bobo não é...


2° caso: SALVADOR - BAHIA

Grande show para acontecer. Presença confirmada do saudoso Jorge Amado. Todos agitadíssimos (novidade, né?).
O iluminador (o mesmo de pouca altura) vai procurar o chefe da montagem do equipamento e não o encontra. Pergunta a um auxiliar de montagem:
-"Onde está o material?"
-"No depósito".
-"Porque não montaram?"
-"Porque o depósito está trancado à chave".
-"Onde está a chave?"
-"Está com o Gereba".
-"E onde está o Gereba?"
-"Foi ver mainha lá na Grota".
-"Quando volta?"
-"Sei lá!"
Enlouquecido, o iluminador se transformou em Hulk (se sentindo o próprio, pois até verde estava). Enfiou o pé na porta do depósito e a colocou abaixo. Só assim pode fazer o show no horário previsto.
Nota: Estes dois episódios aqui relatados, foram objeto de protesto por parte dos baianos quando leram a revista. Houve cartas, e-mails e ameaças... mas no final, ficou por isso mesmo.


3° caso: AÇÚ - RIO GRANDE DO NORTE

O show ia ser realizado em uma grande casa de espetáculos da cidade. O iluminador chegou e foi logo verificar o local da montagem do equipamento.
Foi acompanhado pelo dono do estabelecimento, que estava felicíssimo com o evento.
Para seu espanto, o profissional (o pequeno notável!) notou que a casa não tinha telhado, apenas as quatro paredes.
Virou-se para o dono e perguntou:
-"Mas não tem telhado. E se chover?"
-"Aí sim que será uma festa de verdade. Aqui nunca chove!"


* Crônica publicada na revista Luz & Cena de março de 2002, onde mantínhamos, meu irmão Bimbão (que me fornecia oralmente as histórias) e eu (que escrevia as crônicas), uma coluna chamada Cena Livre, onde publicávamos histórias meio cômicas, acontecidas com profissionais da luz e som.

Nenhum comentário: